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ALVES, JOÃO. Roda da Fortuna (Fortune wheel), acrílico sobre madeira, 38x31cm, 2018, (colecção Cruzes Canhoto).

A Fortunae, divindade que compõe o panteão romano — como também o grego, por meio da figura de Tykhe —, representa desde a antiguidade uma série de temas considerados característicos do domínio designado por Aristóteles como sublunar: o acaso, âmbito no qual sorte e azar se equivalem, a contingência e a provisoriedade dos seres e das obras. A Fortuna, portanto, é a própria história, aquela encarregada do destino dos homens e que, por sua natureza volúvel e arbitrária, não lhes promete qualquer esteio.

 

O símbolo da Roda da Fortuna, a seu turno, existe pelo menos desde a Consolatio Philosophiae, de Boécio (séc. V d.C.). Comandada pela Fortuna, a roda gira aleatoriamente e ininterruptamente, permutando a bel-prazer benesses e paupéries àqueles cujo rosto desconhece: a moral é tópico dos homens. Na Idade Média, a simbologia da Roda da Fortuna foi recorrente: o cotidiano era constantemente acossado — a vida incessantemente ameaçada — pela instabilidade da história, em antinomia ao reino dos céus, ao mundo supralunar. Basta nos remetermos ao Decameron, de Giovanni Boccaccio, aos cantos de Carmina Burana e à obra de Hieronymus Bosch, verdadeiros testemunhos de todo um imaginário. 

 

Frente ao malogro do projeto moderno de história em expurgar ou racionalizar o acaso, bem como de sua ulterior transferência, no âmbito epistemológico, para a perspectiva do historiador — o qual, ao se defrontar com o passado, enxerga acaso e ordem, permanências e descontinuidades —, o valor heurístico confiado ao tema da fortuna permanece intocado: a alegoria da Roda da Fortuna é riquíssima e atemporal, na medida em que não nos permite esquecer do fato de que tempos relativamente bons podem ser subitamente tomados de assalto e sucedidos por tempos obscuros e desafiadores. Se essa é a condição humana e da realidade da história, a tarefa dos historiadores e da teoria da história — teoria da ciência histórica — está dada de antemão.

 

Em 2019, a Revista de Teoria da História completa dez anos de fundação e, em comemoração a essa data especial, temos o orgulho de anunciar a realização de um evento em sua homenagem. Não obstante, muito para além disso, trata-se de oportunizar o convite e fomento para o debate, urgente e impreterível, a respeito de questões da ordem do dia, as quais tocam o cerne do fazer historiográfico e que, com efeito, sem se desprender da concretude pungente da história, exigem um esforço de caráter teórico: o simbolismo da Roda da Fortuna vai ao encontro da encruzilhada em que a história científica se encontra na atualidade.

 

Portanto, a fim de dar conta da tarefa de colocar tais questões em debate, convidamos dois grandes pesquisadores brasileiros atentos à dimensão constituinte da história enquanto disciplina de investigação e de produção de sentido: Durval Muniz de Albuquerque Jr. e Márcio Seligmann-Silva.

 

Além de conferências proferidas por tais pesquisadores, nosso evento será composto por mesas redondas e sessões de apresentação de pesquisas e de comunicações.

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Local:

Faculdade de História - Universidade Federal de Goiás.

Campus Samambaia.

 

Contato:

E-mail: eventorth2019@gmai.com 

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SETEMBRO

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ANOS DA

Revista de Teoria da História

"A HISTÓRIA E AS CIÊNCIAS HUMANAS FRENTE AOS DESAFIOS DO SÉCULO XXI"

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